Frei Pedro Sinzig, o tradutor de Noite Feliz

Religião 05 de Janeiro de 2019

Uma curiosidade histórica bastante interessante no entanto de raríssimo conhecimento público. A popularíssima canção de origem austríaca,  é a mais interpretada no período natalino mas quase ninguém sabe quem fez a sua tradução do alemão para o português. 


Frei Pedro Sinzig, foto em composição com uma vista antiga da cidade de Blumenau. Imagem: Acervo ArchivLinz - Alemanha.

Frei Pedro Sinzig, foto em composição com uma vista antiga da cidade de Blumenau. Imagem: Acervo ArchivLinz - Alemanha.


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Frei Pedro Sinzig nasceu em 1876 em Linz-Reno, Alemanha. Aos 16 anos entrou na Ordem dos Franciscanos. Em 1893, ainda noviço, veio ao Brasil. Naturalizou-se brasileiro em 1898, às vésperas de sua ordenação sacerdotal na Bahia. Foi frade exemplar, que batalhou em muitos domínios na missão, pela cultura e arte, foi propugnador do ideal cristão na imprensa, na tribuna, no cinema, nas pesquisas históricas. Aos 76 anos de idade viajou à Alemanha, onde pouco depois veio a falecer.

Frei Pedro era um jornalista nato. Em abril de 1902, fundou o “Cruzeiro do Sul”, em Lages (SC). Mais tarde, em Petrópolis, fundou o “Centro da Boa Imprensa” (1910), dando nova orientação à revista “Vozes de Petrópolis”, que ele redigiu por 12 anos (1908-1920). Publicista distinto, saíram de sua pena os mais diversos gêneros literários, da obra religiosa ao romance e à novela, de história e geografia à arte.

Escritor exímio, com 40 obras publicadas, escreveu romances, novelas, ensaios e traduções. Em sua obra “Reminiscências de um Frade” ele relata as suas aventuras e andanças pelos sertões baianos e dá a sua versão da Campanha de Canudos e dos fanáticos da região.

Frei Pedro dividia o seu tempo pregando missões, fazendo conferências, dirigindo retiros espirituais, e cultivando a música. Tornou-se conhecido por grande parte de artistas e intelectuais como músico, compositor, musicólogo, regente de coros e de orquestras, professor e diretor da Escola de Música Sacra e redator da sua própria revista, criada em 1941 sob o título: “Música Sacra”.

Mais de cem composições surgiram de sua rica inspiração, de oratórios a missas festivas, de ladainhas à ópera. Fundou e dirigiu durante 25 anos a “Pró-Arte”, de intercâmbio cultural entre Brasil e Alemanha. Pertenceu à Academia Brasileira de Música, na época presidida por Villa-Lobos, seu grande amigo.

É do Pe. Pedro Sinzig, a tradução do hino do padre austríaco Joseph Mohr: “Stille Nacht” (HPD nº 13: “Noite Feliz”). Sua versão, foi amplamente divulgada na década de 1930 através de folhetos anexados às caixinhas de velas¹ da Cia. Wetzel Industrial de Joinville.

Pe. Pedro faleceu em 8 de dezembro de 1952 em Düsseldorf.  Os seus restos mortais foram trazidos da Alemanha e descansam desde 1952, no Cemitério de São João Batista, no Botafogo-Rio de Janeiro.

P. em. Leonhard Creutzberg / Joinville

(Texto copiado de "O Caminho", edição eletrônica de Dezembro de 2010. 

¹ Entre vários tipos de velas que fabricava, tinha uma linha especial, de variadas cores,  para árvores de Natal (grifo do pesquisador).

Usava-se velas nos pinheirinhos antes da vinda do pisca-pisca elétricos.

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