Alfredo Nied - o primeiro comerciante de Marechal Cândido Rondon

10 de Outubro de 2016

Alfredo Nied – primeiro comerciante

    A partir das décadas finais do século 19 e nas primeiras décadas do século 20, a realocação do excedente populacional rural  existente nas “colônias velhas” (núcleos formados por imigrantes alemães e italianos, e outros depois formados por suas descendências, em especial, no Rio Grande do Sul ), que já não mais encontrava novas terras,  escassez resultante da subdivisão por herança familiar, abriu espaço para o surgimento de empresas colonizadoras, algumas inclusive criadas por entidades religiosas.

    O processo se evidenciou forte nas colonizações  ocorridas em espaços geográficos gaúchos, posterimente no centro e oeste catarinenses e mais tarde no Oeste do Paraná.  As empresas colonizatórias, quase todas, tinham inicialmente interesse principal nas madeiras nobres que as vastas extensões de terra abrigavam  - um lucrativo negócio de exportação e  de mercado interno – para depois se desfazer das glebas desmadeiradas via mercantilização de pequenas propriedades – negócio não menos lucrativo -  transplantando o modelo existente nas antigas formações rurais tão ao gosto do colono que tinha necessidade de novas terras.

    Qualquer projeto de colonização de pequenos módulos rurais prescindiam nas formação de vilas e cidades, pontos de convergiam para o novo morador ou colono suprir suas demandas  de sobrevivência e de caráter econômico-sócio-cultural.

    Dentro desse contexto, vilas e cidades abrigavam o comerciante, os senhores de ofício (ferreiro, carpinteiro, marceneiro, ...), a escola, a igreja e o clube que o novo morador julgava imprescindíveis para si, sua família e suas atividades

     A prosperidade do empreendimento de colonização dependiam da presença desses atores e instituições. O colono antes de adquirir  terras se assegurava a que distância  seu pretenso pedaço de chão  ficava da vila onde se situava a venda, a escola e igreja. Por isso, quase em todos os projetos colonizatórios, ao menos isto é bem visível no Oeste do Paraná, a lonjura entre dois núcleos urbanos – vilas – poucas vezes ultrapassa aos dez quilômetros.  Já as cidades ficam separadas em cerca de 40 a 50 quilômetros, em média.

     A figura do comerciante aqueles tempos pioneiros era o indivíduo estabelecido com o comércio de secos e molhados e que comprava aquilo que o colono produzia além do necessário a sua sobrevivência, parte que o produtor usava para formar algum tipo de poupança. 

     Na verdade, existiam dois tipos de comerciantes: na vila aquele de menor porte que vendia os ítens de primeira e imediata necessidades e de menor custo; na cidade aquele mais forte,  que vendia, além dos produtos referidos, aqueles mais sofisticados e de maior custo, como tecidos e ferramentas.  Este negociante também comprava o excedente da produção agrícola – aquela que o colono dizia que era para fazer dinheiro.

     Na região de colonização da Maripá, depois de fracassar a tentativa de cultivar café,  a engorda de suíno tornou-se a âncora econômica do colono. Os animais prontos para o abate eram adquiridos pelo comerciante da cidade que os revendia para abatedouros localizados em centros maiores. Existia também e como ainda existe gente que se dedica exclusivamente a este tipo de negócio.

    Alguns comerciantes das vilas, com o sucesso de suas casas comerciais, também se dedicaram a este tipo de negócio.

    No comércio das vilas, ressalta-se por sua importância que teve, o colono também negociava ovos, queijos e cereiais, na forma de escambo, em troca de produtos oferecidos pela loja.

     Entre os anos iniciais e tempos atuais, os tipos e as formas  das relações de compra e venda tiveram profundas mudanças. A figura do colono desapareceu em nossa região para dar lugar a nominação de agricultor e este, em alguns casos,  se afigura  em versão moderna como empresário de agronegócio. 

                                          Vinda ao Paraná

     Ano de 1950. A onda publicitária da colonizadora do Maripá  está no auge nas regiões gaúchas e catarinenses de presença alemã, italiana e polonesa, opção preferencial da empresa para atrair essas etnias para seu projeto de colonização no Oeste do Paraná. Gente trabalhadora, contida (reclamava pouco),  de certa forma até ingênua, religiosa e de princípios. De forte tradição na cultura e exploração econômica de pequenos módulos rurais.

     A propaganda falava de terras férteis, planas, sem pedras (pregação não é verdadeiramente correta, pois algumas regiões da Fazenda Britânia e de  outros projetos colonizatórios no Oeste do Paraná o afloramento de pedras é maciço), servidas de boas águadas, com abundância em madeiras-de-lei, ...

     Com um imaginário quase paradisíaco criado, foi fácil para os corretores da Maripá e os subcorretores destes, mover massas de  colonos dispostos a comprar terras no Oeste do Paraná . As caravanas de gente disposta a conhecer a região e adquirir áreas formavam filas, com lista de espera.

                                             A viagem

    Os inscritos a virem ao Oeste do Paraná eram embarcados em caminhonetes de toldo (tratava-se quase sempre do modelo Ford Station Wagon 1929), outros vinham de jeep por conta própria mas a maioria vinha em cima de carroceria de caminhão, cerca de 20 a 30 pessoas,  sentada em precários bancos feitos de madeira bruta, sem o mínimo de conforto. Para se proteger da chuva, uma lona era puxada sobre arcos instalados. Passada a intempérie, a proteção era recolhida e a carroceria ficava a céu aberto. Após  algumas horas de viagem, o passageiro já estava de traseiro dolorido dada a dureza da tábua e o sacolejar do veículo andando em estradas precárias.  Pela frente, ainda centenas de quilômetros até alcançar o Paraná. Mais dois a três dias de penosa viagem, se o tempo se mantivesse bem.

    Para não ter grandes despesas na longa viagem, muitos agricultores levavam, ao menos para ida, as suas próprias refeições preparadas em casa. Quase sempre consistia de pão de fubá,  queijo e linguiça para o café da manhã e jantar. Para almoço, frango  com farofa. Água somente quando o motorista parava numa fonte. O pernoite se dava em hotéis muito precários tudo para reduzir ao máximo os gastos.

    O dinheiro  para o caso de comprar algum pedaço de terra era levado num bolso interno costurado pouco antes da viagem no lado avesso da calça quando não junto a cueca.  Nas mulheres, o bolso era costurado na parte superior da anágua. A estratégia era se precaver de roubos .

    Não se sabe como viajou o comerciante pioneiro Alfredo Nied, seu amigo Simão Scherer e  mais alguns conterrâneos, na viagem para conhecer a colonização da Maripá no Oeste do Paraná  lá pelos meses de fevereiro/março de 1951, quando a cidade de Marechal Cândido Rondon principiava. Talvez como a maioria em cima de um caminhão ou um pouco mais confortável numa camionete de toldo.

    Para  chegar a projetada vila Flórida, depois denominada de General Rondon,  somente era possível pela velha estrada Toledo a Porto Britânia, via atual sede distrital de Margarida, cujo núcleo ainda não existia. Ia-se até KM 10, cerca de cinco quilômetros adiante da atual cidade de Pato Bragado. Desse ponto se tomava uma outra estrada que passava pela atual sede distrital de Iguiporã onde se encontrava  a estrada que vinha de Porto Mendes – Fazenda Allica – em direção ao atual município de Mamborê, passando pelos locais de Marechal Rondon, Quatro Pontes, Novo Sarandi, ...¹

 

     ¹ O trecho da estrada do Km 10 até Quatro Pontes foi roçado em 1951 pelo pioneiro rondonense Relindo Weber e seu irmão Hubert,  ao preço de 300 contos de réis o quilômetro roçado, contratados pela Maripá.

    O antigo caminho entre Toledo e Porto Britânia foi aberto no começo do século 20 pela empresa argentina Nuñez y Gibaja, do Patrimônio São Francisco,  próximo a cidade Cascavel, para exportar erva-mate e madeira para a Argentina.    O picadão entre o KM 10 e a atual sede distrital de Iguiporã pode ter sido aberto pela  empresa portenha Companhia de Maderas del Alto Paraná, antiga proprietária da Fazenda Britânia;   ou por Tomaz Julio Allica como se pode deduzir  pela Lei Estadual nº  781, de 20 de abril de 1908, que concedia permissão ao argentino “para alargar o caminho (tornando-o uma estrada carroçável) que comunica entre si os rios S. Francisco e Pequery, no alto Paraná”.

      Como contam pioneiros, esses caminhos apresentavam riscos quando se passava de caminhão aberto, por serem estreitos e  terem às margens, em alguns trechos, a formação  de taquarais. Era comum acontecer quando uma caravana passava nos caminhos, que alguém mais descuidado ser atingido na cabeça  por uma taquara e ficar com o rosto cortado.

      Na época em que o pioneiro Alfredo Nied e companheiros chegaram em Marechal Cândido Rondon, o agrimensor Henrique Scheidt² estava finalizando a medição dos primeiros lotes urbanos da futura cidade.

 

       ² Foi um agrimensor formado, natural de Carazinho, RS, e tio, em função de casamento,  do pioneiro Guido Rockenbach, fundador da Quinta das Seleções.

 

     Conhecendo os planos e as propostas da Maripá com vistas a colonização da região, Alfredo Nied logo escolheu um terreno para estabelecer a sua casa comercial. Tinha experiência no ramo. Em sociedade, era dono de uma casa de secos e molhados em Forquetinha.

     Sabia muito bem que no começo teria muito trabalho para encaminhar seu negócio por aqui. Trocava o relativo conforto no Rio Grande do Sul mas sem perspectiva de crescimento, por um começo muito duro e trabalhoso, porém de futuro largamente promissor.

     Fechado a compra do terreno, na esquina da Avenida Rio Grande do Sul e a Rua Men de Sá, onde hoje está situada a empresa RIMA, Alfredo Nied logo encaminhou a construção de seu estabelecimento conjugado, com  espaço para residência, e tomou caminho de volta a Forquetinha para  tratar da mudança  para o Oeste do Paraná.  Deixou combinado com o amigo Simão Scherer  para este acompanhar a finalização das obras.

    Scherer permaneceu em General Rondon até  levantar a sua própria moradia, no terreno que comprou  à Rua Paraná, entre as ruas Colombo e 12 de Outubro, à direita, no sentido leste-oeste. Somente voltaria ao Rio Grande do Sul para se casar com Herta Troller e em seguida retornar a Marechal Rondon.

   “Em maio daquele ano existiam aqui nove moradias”, relata o pioneiro Lauro Schöne que chegou naquele mês com seus pais, aos 16 anos,  de mudança de Sertão Santana, próximo a Porto Alegre.

    Antes da volta ao Rio Grande do Sul, Alfredo Nied deixou encaminhado seu futuro estabelecimento devidamente junto a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. Em 26 de maio de 1951, pelo Recibo nº 11713/51, pagou as taxas e  requereu o alvará de funcionamento para abrir a loja em General Rondon. Anotação no recibo registra que o pioneiro fez isso junto a subprefeitura da cidade de Cascavel³ na época distrito administrativo do município de Foz do Iguaçu, cuja jurisdição incluia a área de colonização da Maripá.  

 

    ³ Cascavel foi alçada a condição de distrito administrativo de Foz do Iguaçu em 20 de outubro de 1938.

 

    Com a data de 26 de maio e o dia da chegada com a mudança em General Rondon – 28 de julho -, nota-se que o pioneiro Alfredo Nied foi muito rápido. Levou pouco tempo para acertar seus negócios em Forquetinha – menos de 60 dias.

    “O nosso pai sempre foi uma homem de agir com firmeza e rapidez depois de ter tomado uma decisão, não perdia tempo”, comenta os filhos Sueli e Walmor, que ainda residem em Marechal Cândido Rondon. “As decisões de nosso pai raramente falhavam”. Recordam  que o pai foi uma pessoa extremanente dedicada ao trabalho e aos seus negócios, para os quais tinha uma nata e obstinada vocação. “O nosso pai  desde pequeno era de trabalhar muito. Quando jovem prôpos ao seu  pai  que trabalharia o dobro na propriedade desde que ganharia parte na criação de engorda de porcos e na produção de milho. O nosso avô aceitou a proposta, pois sabia das boas intenções do filho. Foi assim que o nosso pai começou cedo a fazer o seu capital.  Com o dinheiro que fez nesse tempo e vendo que coisa parava ai na lavoura e na criação de suínos, que não dava para expandir, o nosso pai montou sociedade com um amigo e os dois abriram uma casa de comércio em Forquetinha. O empreendimento se tornou próspero, mas também chegou uma época que não havia mais espaço para ampliar os negócios. Isso inquietava muito nosso pai, como ele mesmo contou para nós. Isso não combinava com ele que sempre  queria expandir mais e mais seus negócios. A mudança para o Oeste do Paraná deu vazão a esse desejo”.

    A parte da sociedade que o pioneiro Alfredo Nied tinha na casa comercial no Rio Grande do Sul, foi vendida para seu sócio. Como pagamento recebeu um caminhão International, semi-novo, e um bom estoque de mercadorias para abrir sua casa de secos e molhado em Rondon, além de uma boa soma em dinheiro. 

    A mudança foi carregada no dia 26 de julho no próprio caminhão que tinha recebido na venda de sua parte societária. Na carroceria, a carga de mercadorias e os poucos pertences da casa:  cama, armários e coisas de cozinha e despensa. Na boleia do caminhão, o motorista, que os dois irmãos não mais lembram o nome, o pai, a mãe e os três filhos⁴: João Pedro Hofmeister, filho da senhora Paulina (nascida Kalkmann), de seu primeiro casamento com Theobaldo Hofmeister (faleceu jovem); Sueli,  filha de Alfredo com sua primeira esposa, Selma Berghan (também falecida jovem), filha de  Paulina (nascida Winter) e Reinoldo Berghan⁵; e Walmor,  filho de Alfredo e Paulina⁶, veio no colo da mãe, com um ano e meio. Enquanto os outros viagem no banco estofado da cabine do caminhão, Sueli foi obrigada a ficar sentada no chão  nos dias que durou a viagem de Forquetinha a General Rondon, por falta de espaço no assento.

 

   ⁴  Os irmãos João Pedro e Walmor casaram com as irmãs Cleri e Irli Dockhorn, respectivamente. Sueli casou-se com Egon Scherer.

    Em visita a neta Sueli, em 1965, faleceu de mal súbito a senhora Paulina Berghan. Devido a distância para levar o corpo ao Rio Grande do Sul, ela foi sepultada no cemitério da sede municipal de Marechal Cândido Rondon. O senhor Reinoldo Berghan faleceu no RS.

   ⁶  Paulina (nascida Kalkmann) Hofmeister e Alfredo Nied se casaram no dia 19 de fevereiro de 1949,  na cidade de Lajeado.

 

    A genealogia de Alfredo Nied  começa com a sua antepassada Margaretha Petry Nied, viúva de Jacob Nied, que chegou ao Brasil em 25 de junho de 1857, na companhia de seus dois filhos solteiros Johann Adam e Johann Phillip, procedentes da Alemanha, da pequena localidade de Schwarzen – Ober Kostenz, na região do Hunsrück, localizada no estado da Renânia-Palatinado.

     A vúiva e seus filhos se estabeleceram em Maratá, na época freguezia de São João de Montengro, próximo a Porto Alegre, com atividade agrícola. Nessa localidade os dois irmãos casaram e formaram as suas famílias. Johann Adam permaneceu residindo em Martá até o final, enquanto o irmão Johann Phillip transfereu residência para o interior do atual município de Lageado. 

         Alfredo Nied e bisneto de Johann Phillip e de sua mulher Karolina Lahm; neto de Phillip Nied e esposa Elizabetha Bruch; e filho de Leopoldo Nied e sua cêjuge Alvina Folz. 

   

      Na chegada a Marechal Cândido Rondon, a surpresa: a casa não estava pronta. As chuvas que ocorreram depois do retorno de “seo” Nied à Forquetinha, atrapalharam o término da construção⁷.  Assim, a mudança teve que ser alojada  na recém concluída residência de Simão Scherer, à Rua Paraná. 

     Como se sabe, o casal Nied trouxe junto com a sua mudança,  os pertences do casal Simão e Hertha (nascida Troller) Scherer, que se casou por aqueles dias em Lajeado e na semana seguinte veio residir em Marechal Cândido Rondon.

 

    ⁷ Segundo o pioneiro Ernesto Witeck,  que esteve em General Rondon no ano de 1952, ouviu comentar que a residência e loja do casal Alfredo e Paulina Nied foram construídas pelo carpinteiro Ervino Finger e equipe.

      Ervino Finger com a sua família se estabeleceu em Rondon no começo de 1951, a pedido da colonizadora Maripá, para ajudar as famílias que chegavam na construção de suas residências e instalações, como também nas construções de interesse da empresa.

     ⁸ O casal décadas depois se separou. Simão (em alemão era pronunciado “Simon”).

 

     A permanência na moradia de Simão Scherer foi de poucos dias. Mas custou ao casal uma segunda mudança.  De sorte, não de muitos quilômetros. Somente de  poucas quadras.

 

    Enfim, as portas abertas da primeira casa comercial de Marechal Cândido Rondon.

    No início vendia-se bebidas, combustível, mantimentos, ferragens, entre outras coisas. Isso indica que a casa comercial do casal Nied foi a primeira revendedora de bebidas e combustíveis em Marechal Cândido Rondon. Quando se fala de combustíveis se inclui a venda do querosene, tão necessário para abastecer lamparinas e lampiões, que iluminavam as noites naqueles tempos pioneiros e cuja luz se refletia nos olhos dos animais que vinham da floresta e perambulavam pela vila. Há gente afirmando que viu a luz de lampião refletida  nos olhos de onças.

 

  ⁹   O querosene era vendido em latas ou em litro, de acordo com a vontade do freguês. Quem comprava o produto em lata, tinha que ter em casa uma pequena bomba manual para bombear o líquido direto  nos equipamentos de iluminação ou num litro. A bomba era facilmente adquirida no comércio.

     Em se tratando de combustível para carros, Alfredo Nied deixou de vender o produto alguns meses depois e repassou a comercialização para o pioneiro Edvino von Borstel que havia se instalado na então Vila de General Rondon com  o propósito de atuar com esse comércio.     

      Lampiões e lamparinas  iluminavam à noite os cômodos necessários  até a família se deitar. 

      A lanterna era diferente da lamparina e lampião. Enquanto os dois últimos equipamentos se apagavam com qualquer corrente de ar, a lanterna (ver foto) era o contrário. Por sua forma de montagem,  podia se com ela andar em espaços abertos e com vento, que a chama  permanecia acesa. Por isso, ela foi muita usada nas colônias para tratar animais e outros serviços  que tinham quer ser feitos noite à dentro ou antes do dia amanhacer.

     Era  também muita empregada para clarear a trilha para ir a noite na “casinha”, "capunga", "patente".  para fazer necessidades fisiológicas. Dizia-se que era para não pisar em alguma cobra, que eram abundantes naquele começo de colonização.

     Recordando:  não existia na época o banheiro  dentro das casas – conforto que somente veio bem mais tarde.
     Encontrar alguma cobra dentro de casa, depois de deixar a porta aberta , não era tão díficil. A pioneira Sueli Nied conta que num certo final de tarde, seu pai pediu para a D. Paulina que fosse pegar uma cerveja para eles dois sorverem juntos fora de casa, na calçada .  Quando ela adentrou na cozinha levou um tremendo susto: uma grande cobra enrolada no canto do cômodo. Sueli não recorda mais se foi cascavel ou urutu. Sabe que era cobra venenosa.

      A lanterna também era usada para iluminar o caminho para as visitas aos vizinhos a noite – coisa que quase sempre acontecia logo depois da jantar da família. O costume hoje está em desuso. Naqueles tempos era algo bem comum passear na casa de algum vizinho à noite, a qualquer dia da semana.  Entre os italianos o costume era conhecido como “filó”. Em português, é “serão”.

     Anos depois, no lugar do lampião apareceu o famoso “foque” ou para outros “farolete”, equipamento que acendia um bico de luz por pilhas elétricas.

   

     Os irmãos Walmor e Sueli contam que o começo em Marechal Cândido Rondon para seus pais foi muito difícil, como eles próprio relataram em suas converas com os filhos.

     Assim também foi para  quase 100% das famílias que vieram para o Oeste Paraná, com raras exceções.Tudo era precário. Foi preciso  muita criatividade,  improviso e solidariedade dos vizinhos para superar a enxurrada de dificuldades que aparecia a cada dia.

    Sueli e outros pioneiros recordam que a solidariedade entre os novos moradores era algo tão presente e espontâneo, que bastava  uma família se ver em difuculdades  que logo vários moradores próximos acorriam em ajuda. “Assim também era quando os  colonos que vinham de mudança. Logo a vizinhança se reunia e ajudava descarregar o caminhão e instalar as coisas dentro de casa. Às vezes, até alguns foguetes espocavam  pela alegria de receber um novo vizinho. Novas amizades se estabeleciam e que, não raras vezes, redundavam em compadrio", lembra Sueli.   

    Recorda ainda Sueli desse tempo difícil,  que a madrasta, a quem chama de “mãe” tinha que ir lavar as roupas numa lavanderia coletiva improvisada junto a Sanga Borboleta, nos fundos da atual Metalúrgica Reschke, até ficar pronto o poço junto a residência recém construída e instalar aí ao lado, o tanque de lavar-roupas. 

     A água era tirada do poço¹ᴼ , com mais de 19 metros de profundidade, com um balde amarrado numa corda presa num rolo, quase sempre de madeira, fixado numa estrutura em cima do poço. O sobe-e-desce do balde era feito com o movimento do rolo acionado manualmente por uma manivela. 

     Mais tarde, quando as condições financeiras já permitiam, muitas famílias substituiram o antigo mecanismo de tirar água do poço, por uma bomba manual. 

     Atualmente não existem mais poços para obter água na cidade de Marechal Cândido Rondon e em quase todo interior, substituído pelo sistema coletivo de fornecimento do líquido pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE. 

 

     ¹ᴼ Os irmãos Walmor e Sueli  acreditam que esse poço foi perfurado pelo pioneiro Arlindo Deuner.

 

    Era desse poço que também saiu a água, por muito tempo,  para limpar a primeira loja e outras instalações e mais tarde a nova loja que foi construída e  ficava, em diagonal, no outro lado da esquina.  “Não era um, dois, três baldes ... sempre passava de dez acima para tirar o barro que se acumula na loja. Não havia a facilidade que tem hoje. Muito asfalto e carros para vir para a cidade.  Naquela época, para não perder tempo,  o pessoal vinha  para as compras nos dias de chuva. A maioria vinha a pé .E isso enchia a nossa loja de muito barro. Nosso pai nunca reparou por esse detalhe. Recomendava que cada comprador  e cada pessoa fosse atendido muito bem. Não importava se ele vinha de madrugada ou a noite, na hora do café, almoço ou janta, domingo ou feriado, e se estava com os pés cheio de barro”, comentam os dois irmãos.

                                            

                                            MUITO TRABALHO

    Lembram os dois irmãos, que a jornada de trabalho de seus pais começava bem antes de clarear o dia e ia algumas horas noite a dentro e praticamente não tinha final de semana. Quase sempre, todos os domingos, a senhora Paulina tinha alguma vizinha para atender, que queria encaracolar o cabelo (die Haare locken, em alemão ).  Ela tinha trazido o equipamento na mudança do Rio Grande do Sul. Tratava-se de um mecanismo movido à vapor e água quente que circulavam por pequenas mangueiras. Má sorte quando estourava uma mangueira:  o vapor e a água queimavam a cabeça da candidata a ter cabelos encrespados. Se hoje  encaracolar os cabelos dura um tempo relativamente  curto, com aquela máquina a mulher tinha que ficar quase um dia com aquele trambolho na cabeça.

   Com esse trabalho, pode-se dizer que a Frau Nied  foi a primeira mulher a ter um “salão de beleza” para atender a vaidade feminina, em Marechal Cândido Rondon.

     Para manter o estoque de sua loja reabastecido, Alfredo Nied logo após os primeiros dias de mudança em General Rondon, viajou com o seu caminhão a Ponta Grossa para compras.  As viagens de compras à essa cidade dos Campos Gerais e, às vezes, até a capital do Estado, se repetiam sucessivamente durante o ano e  assi m foi por longos anos. Por causas das deficiências das estradas,  o retorno somente acontecia depois de uma semana se  tudo ia bem. Quando chovia, o tempo podia passar de duas semanas.

    Das duas cidades, vinham de tudo no caminhão, menos tecidos, confecções e calçados. Estes três itens eram comprados de mascates⁽¹¹⁾  que vinham até a vila de General Rondon.

 

   ⁽¹¹⁾ também é conhecido como caixeiro-viajante. Trata-se de pessoa que vendia fora dos locais de produção. Como não havia a facilidade de transporte entre as cidades nas primeiras décadas do século 19, esses profissionais é que levam os produtos para as diversas regiões fora dos grandes cidades. A maioria deles comercializava produtos manufaturados, tecidos, jóias e perfumes.

    A designação de “mascate” tem origem no vocábulo árabe “El-Matrac”, cuja palavra faz referência  aos portugueses que, auxiliados pelos libaneses cristãos, se apoderaram e saquearam a cidade de Mascate, no atual Omã, em 1507.

   No Brasil, o vocábulo sempre esteve associado aos árabes, na maioria libaneses, a quem o povo chamava erronemanete de “turcos”. 

 

   Com a vinda de levas e mais levas de novos moradores, logo o casal Alfredo e Paulina Nied não mais conseguiu mais atender sozinhos a clientela que não parava de crescer. Foi preciso contratar gente para ajudá-los.

    Os três irmãos recordam que a primeira pessoa contratada para ajudar a atender na loja, foi o adolescente Harry Pilger ⁽¹²⁾, de apenas 13 anos. Lembram que, por causa da pequena estatutura, própria da idade, o senhor Alfredo Nied providenciou uma caixa de madeira e colocou em frente a balança para que o adolescente tivesse acesso ao equipamento para pesar.

 

   ⁽¹²⁾ Anos depois, já adulto, Harry prestou concurso do Banco do Brasil, logrando êxito. 

 

    Semanas depois mais contratados. Os Nied contrataram o jovem Jaci Weizermann, como primeiro balconista da loja, com contratto d etrabalho assinado.  Era filho de um professor de Forquetinha, terra natal de Alfredo.

    Após deixar a empresa, os irmãos não sabem para onde seguiu.

   Também naqueles dias, o casal Nied contratou a jovem Nair Klauck⁽¹³⁾  como primeira empregada da família. Na verdade, ela foi uma “faz tudo”, falam dela os três irmãos com muita afeição: “Ela cuidava da casa, da cozinha, das roupas e ainda ajudava na loja”.

 

   ⁽¹³⁾ permanece residindo em Marechal Cândido Rondon.

 

    Ainda somaram-se ao grupo dos primeiros colaboradores da empresa de Alfredo Nied:

  1. O jovem Arno Ancheski, apelidado de “Milho Verde”, natural de Palmeira das Missões, RS, foi o primeiro motorista. “Possivelmente participou das primeiras viagens do nosso pai à Ponta Grossa”, pensam os irmãos João Pedro, Sueli e Walmor. “Não temos informações sobre o seu paradeiro depois que deixou a firma”;  e

       2) poucos dias depois, o jovem Lauro Matias Weirich⁽¹⁴⁾, irmão do pioneiro Benno Weirich. Começou como “serviços gerais”. Mais tarde tornou-se motorista profissional  na empresa e pessoa de plena confiança do casal Nied, a ponto de confiar a ele as compras em São Paulo para reabastecer a casa de comercio ,entre outros negócios, após o “seo” Alfredo não viajar mais com tanta constância a capital paulista.

 

     ⁽¹⁴⁾ chegou a então vila de General Rondon em 21 de junho de 1950. Casou-se com a jovem Nair Klauck e o casal permaneceu trabalhando para os Nied, por aproximadamente 12 anos.  O filho João Pedro lembra que os recém-casados foram morar no barracão da empresa, improvisando ali um quarto num espaço bem diminuto, somente para dormir, já que o resto do dia-a-dia  tudo era feito e acontecia na casa pais e na loja. Havia tanta confiança por parte do casal Nied, em  Lauro e Nair, a ponto de serem considerados membros da família. 

     Conceituado na cidade como uma pessoa devotada ao trabalho e sério, Lauro Weirich foi convidado por Arlindo Alberto Lamb, quando prefeito, para ser o seu primeiro chefe de obras. Comentam pioneiros que a sua atuação nessa função é foi muito positiva: “Para ele não tinha tempo ruim”.

    Na eleição municipal de 1964 candidatou-se ao cargo de vereador pelo PTB, ficando na suplência com 223 votos. Com a renúncia de Helmuth Priesnitz em abril de 1967, Lauro Weirich assumiu como vereador titular.

    O pioneiro faleceu em 17 de fevereiro de 2011, na cidade de Marechal Cândido Rondon.

 

   Com o fracasso da ideia inicial de cultivar café no Oeste do Paraná, em razão das sucessivas geadas, os colonos se voltam a exploração econômica que vinham praticando em seus lugares de origem: a engorda de porcos. Naquela época, a palavra “suíno” era uma bela desconhecida.  A atividade econômica transformou em pouco tempo Marechal Cândido Rondon no maior produtor do animal do Paraná. Junto com a forte produção de cereais, com destaque para o milho, o município por longo tempo foi nacionalmente conhecido como o “Município da Produção”.

   Nos primeiros anos, a engorda de porcos seguia as práticas tradicionais de criação, aquelas trazidas pelo colono das “velhas colônias”. Criava-se o porco comum. A sua engorda era morosa por falta de genética e alimentação adequeda. Era normal um animal ir para o abate com mais de 100 quilos e acima de um ano de idade. A engorda de porcos daqueles tempos é em quase nada comparável com a atual modernidade da suinocultura.

   Apesar da ausência de raças selecionadas direcionadas para a produção de carne, a engorda de porcos foi na época um negócio altamente rentável, não somente para o próprio criador (ainda se ouve muito pioneiro comentar que fez muito  dinheiro naquela época com porco), mas também para o comprador e revendedor dos animais para os frigoríficos. Alfredo Nied foi o primeiro comerciante rondonense  a entrar  nesse mercado e se tornou muito próspero no negócio.

   Mais tarde, outros comerciantes também se estabeleceram no ramo.

   Os porcos comprados eram reunidos em grandes construções, conhecidas como “chiquerões, trazidos do interior em pequenos caminhões. O “chiqueirão” dos Nied ficava numa chácara ao sul da cidade de Marechal Rondon.

   O pagamento da venda dos porcos ao colono era feita depois do retorno do caminhão. 

   Completada a carga para um caminhão maior,  com carroceria de dois patamares, para carregar o maior número de animais, ela seguia para frigoríficos de Curitiba, São Paulo ou estado do Rio de Janeiro (Barra do Piraí). O comerciante comprador-revendedor  vendia  a carga para o frigorífico que melhor pagava.

    Eram viagens penosas. Além da precariedades das estradas, quando o destino era São Paulo ou Rio de Janeiro, o trajeto tinha que ser feita em duas etapas. A primeira era feita até Ponta Grossa, onde os animais eram descarregados em grandes instalações construídas para esse fim – a mais famosa pertencia a família Greef -,  para serem alimentados e beberem água. No segundo dia, os animais voltavam a ser carregados no caminhão para serem transportados até o destino final.

   Na volta, no caso dos Nied, o caminhão passava pela capital paulista, onde o comerciante ou o motorista comprava produtos na famosa “25 de Março” para reabastecer de produtos a sua casa comercial. 

   O pagamento da compra dos porcos ao colono era feita depois do retorno do caminhão. 

    Se existiam dificuldades e contratempos em viagens de dia de sol, o que dizer então quando pegava chuva ou dias de chuva?  A viagem, às vezes, começava em Marechal Cândido Rondon num dia aberto, mas no trajeto  tudo mudava  quando começava a chover.   O caminhão com a carga, não poucas vezes, atolava nas estradas de chão  que levavam ao destino. Somente  tinha pavimentação perto da  cidade de São Paulo.

    Quando isso acontecia, vira um tormento.  Caso outro caminhão puxando não dava resultado, então não havia outra alternativa para sair do situação. Era preciso descarregar os animais, aliviar a carga para conseguir a saída do veículo do atoleiro. Para isso era preciso improvisar um cercado próximo do caminhão para acomadar os porcos. Uma carga chegava em torno de 100 animais.

     Para montar a mangueira improvisada era preciso ir até um mato, cortar  troncos e ir formando aos poucos o espaço para depois colocar os animais um por um. Em seguida, era usar a pá e a enxada para abrir trilho e de outros artifícios para tirar o caminhão do atoleiro,

    Uma vez fora do atoleiro, lá ia o condutor ou os condutores do caminhão  recarregar os porcos um por um para seguir a viagem.

    Esse era o dia-a-dia dos transportadores de porcos para as unidades de abate longe de Marechal Cândido Rondon.

    Os três irmãos também recordam o duro cotidiano local com a comercialização de porcos. Muitas vezes, após a coleta dos animais nas propriedades, na viagem até o chiqueirão na chácara, um ou outro porco acabava se quebrando, aí o animal tinha que ser sacrificado e carneado, um serviço que, por vezes, entrava longas horas a noite.

     A filha Sueli recorda que numa tarde, de dia 24 de dezembro, um grupo de funcionários foi recolher porcos, porque havia viagem programada para o segundo dia de Natal. Quando eles retornaram ao final do dia, notaram que um grande e pesado animal tinha se acidentado  e que o sacrifício era inevitável.

    “Assim tivemos que passar carneando um porco nas primeiras horas da Noite de Natal. Somente fomos jantar lá pelas 11 horas da noite”, lembra ela.

     Outro episódio árduo com a lida de porcos, entre outros, que lembra o filho João Pedro, foi quando num ano deu um caso de febre aftosa nos animais que estava no chiqueirão. Recorda que tiveram que sacrificar os porcos doentes e levá-los de carrocinha, num vai-e-vem de muitas horas, até uma chácara da família,  no atual Jardim Ana Paula,  para serem queimados.

     A despeito de todo o sacrifício que existia com comercialização de porcos, Alfredo Nied era um entusiasta desse tipo de negócio. O  retorno financeiro que se dava era muito bom junto com a loja, asseveram os três irmãos.  A esse entusiasmo se somava o ímpeto   de “seo” Nied pelo crescimento e desenvolvimento  de Marechal Cândido Rondon.  Foi esse espírito de realizar, de fazer acontecer, que levou ele e  mais um grupo de  empresários pioneiros a implantar o primeiro frigorífico em Marechal Cândido Rondon, o que será tema em outro momento e meio. 

    As primeiras décadas da casa comercial de Alfredo Nied, depois Nied & Cia. Ltda. tem em sua trajetória muitas curiosidades históricas quanto aos principais ítens comercializados. O sortimento de produtos ofertados pela casa eram tão amplo e diverso, que tudo que uma pessoa precisava desde o nascimento até a morte ali encontrava. "Só não se vendia saúde, mas se vendia coisas para ajudar mantê-la", brinca os irmãos. 

    Os filhos de Alfredo e Paulina relatam que além das enormes vendas de itens básicos, os principais como açúcar, sal, querosene, erva-mate, café e ferragens de sobrevivência como pregos, martelos, enxadas, picaretas, pás, serras, bicicletas⁽¹⁴⁾; era a secção de cama, mesa e banho, roupas feitas e tecidos que vendia muito.

 

   ¹⁴⁾ A Casa Comercial de Alfredo Nied foi a primeira revendedora em Marechal Cândido Rondon das bicicletas da marca Monark.

 

    Lembram que essa  secção da loja era altamente lucrativa  até a chegada a Marechal Rondon das Casas Pernambucanas – renomada nome que dava, na época, a qualquer núcleo urbano que tinha uma filial da rede, o status de cidade. 

    “Vendemos milhares de serras do tipo vai-vem. Não tinha a moto-serra que facilita tudo hoje e faz o mesmo serviço em menos tempo que aquele feito por dezenas e dezenas de pessoas no começo”, lembra a filha Sueli que foi por muitos e muitos anos balconista da loja de seus pais.  

    Conversando com senhoras pioneiras essas prontamente  se voltam aos tempos pioneiros e  com um certo saudosismo  falam de que no Natal e Páscoa,  a loja dos Nied era top na oferta de chocolates, brinquedos e enfeites natalinos: "Ah, com quanto gosto a gente ia na loja Nied para comprar coisas de Natal. Sempre tinha coisa muito bonita para árvore de natal. A D. Paulina e funcionárias faziam muito gosto mostrar tudo, sempre muito camaradas”, assevera a pioneira Camila Wolfart. “O ruim era que a gente não tinha tanto dinheiro para comprar tanta coisa bonita que tinha na loja”, complementa.

    O filho Walmor recorda de outro episódio pitoresco, entre tantos vividos pela loja de seus pais, que foi a venda de milhares e milhares de caixas de foguetes para eventos de casamento: “Como os atos de casamento aconteciam na cidade aos sábados pela manhã, era costume depois do religioso chegar a Foto Kaefer, que ficava do outro lado da rua da nossa loja, para fazer a foto oficial do casamento.  Depois a seção de fotos, como tradição da época, os padrinhos eram responsáveis pela compra dos foguetes. Assim, era só atravessar a rua”.

    Os foguetes começavam a serem estourados cerca de 500 a 600 metros do local da festa do casamento, para anunciar que os noivos estavam chegando. Também serviam de sinal para os churrasqueiros apurarem a assadura do churasco. 

    Outra recordação bem presente que tem os irmãos João Pedro, Sueli e Walmor, é a compra de centenas de máquinas de moer carne pelo casal dr. Friedrich Rupprecht e Ingrun Seyboth, com as quais presenteavam os casais de noivos, para cuja festa de casamento eram convidados.

 Conversando com senhoras pioneiras essas prontamente  se voltam aos tempos pioneiros e  com um certo saudosismo  falam de que no Natal e Páscoa,  a loja dos Nied era top na oferta de chocolates, brinquedos e enfeites natalinos: "Ah, com quanto gosto a gente ia na loja Nied para comprar coisas de Natal. Sempre tinha coisa muito bonita para árvore de natal. A D. Paulina e funcionárias faziam muito gosto mostrar tudo, sempre muito camaradas”, assevera a pioneira Camila Wolfart. “O ruim era que a gente não tinha tanto dinheiro para comprar tanta coisa bonita que tinha na loja”, complementa.

    A antiga casa comercial do casal Alfredo e Paulina Nied foi um mercado persa – tudo tinha enquanto perdurou um modelo de comercialização múltiplo e abrangente. Contudo com a chegada de novas tendências mercadólogicas, seus herdeiros  tiveram que redirecionar os negócios e desde 2000 a empresa vem atuando no segmento de material de construção e correlatos, com a razão social  de “Construção & Cia.”, hoje formando uma rede de lojas com mais de 40 estabelecimentos. 

 


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