Inventário do espólio de Julio Tomaz Allica

28 de Outubro de 1963

Somente 20 anos após de morte (28.10.1963), a viúva Cristaforia Sara Santacruz Allica¹ deu início ao inventário do espólio do marido Julio Tomaz Allica². Não sendo comarca a cidade de Marechal Cândido Rondon, o processo inventarial³ é formulado na cidade de Toledo, então fórum de abrangência.
 

¹ Conhecida como "Dona Kita", Cristaforia Sara faleceu na cidade de Guaíra (PR), aos 86 anos, em 24 de março de 1971.
 

² É natural de Bella Vista, província de Corrientes, Argentina, onde nasceu em 05 de abril de 1868, filho de Manuela Artaza e Euzebio de Allica (imigrante espanhol). Faleceu em Buenos Aires em 11 de novembro de 1940.
 

³ O que chama atenção no procedimento processual do inventário, é a ausência de cópia de certidão de casamento, documento legal que comprova que Cristaforia Sara Santacruz e Julio Tomaz Allica era casado no regime de comunhão bens. Uma peça legal necessária que o juíz da época da comarca de Toledo deixou de exigir.  Ao menos, este documento não foi localizado no processo.
 

Sem filhos, a viúva tornou-se a única herdeira e dona dos bens componentes do empreeendimento Puerto Artaza (submerso com a formação do reservatório da hidrelétrica Itaipu), no distrito rondonense de Porto Mendes.

Cristaforia Sara Santacruz tinha uma única filha, Joanita, fruto de um relacionamente desconhecido. A jovem casou-se com Antonio Paim (antes do inventário), o que fez do genro, herdeiro e administrador das propriedades.
 

  Segundo Eustáquio Prates Santander·¹, nascido na antiga Fazenda Britânia, na localidade de Rio Branco ou Porto 12 de Outubro·² e morador na cidade de Pato Bragado (2019), em conversa com os pesquisadores Arnold Lamb e Harto Viteck, do Projeto Memória Rondonense, Antonio Paim foi o coordenador do grupo de trabalho do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná, para a abertura estrada, em meados da década de 1950, entre as cidades de Guaíra e Foz do Iguaçu, via Porto Mendes, onde conheceu Joanita, a filha de Cristaforia Sara Santacruz Allica.
 

⁴·¹ É  nascido em 20 de janeiro de 1936, filho da brasileira Ramona Benitez² e do paraguaio Sandálio Prates, este gerente da unidade fabril de extração de essencias nativas da Cia. de Maderas del Alto Paraná e mecânico de manutenção temporário no empreendimento Artaza. Saber mais, clique aqui
 

⁴·² O atracadouro foi instalado pela empresa argentina Nuñez Y Gibaja, de Posadas, Misiones, propriedade do empreendimento "Lopeí", localizado entre os atuais municípios de Cascavel e Toledo. Mais tarde, essa empresa vendeu o estabelecimento ao argentino Teodoro Amadeo Soldati, natural de Corrientes.
Na década de 1950, o próprio Soldati junto Alberto Dalcanalle colonizou o latifúndio, mesurado em pequenas propriedades e vendidas para migrantes gaúchos.

 

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De modo infeliz, certamente por incapacidade administrativa, Paim foi delapidando a herança, a tal ponto, que ao final da vida teve que pedir ajuda ao filho morador em Atibaia (SP).  Nessa cidade paulista, Antonio e Joanita faleceram e estão sepultados no cemitério local, segundo informação colhida com Elci Venâncio, filha adotiva do casal Antonio e Joanita Paim — moradora na cidade de Guaíra, em 2019.
 

(Este texto foi elaborado com as contribuições do professor Luiz Eduardo Deon, pesquisador Arnold Lamb e jornalista Heinz Schmidt, residentes na cidade de Cascavel (PR).
 

Obs.: O presente arquivo de imagens é formado pelas principais peças do inventário. Foram dispensadas as folhas que contem meramente carimbos de protocolo e anotações de trâmites de ações internas.
 

Agradecimento: 1º Cartório Civil da Comarca de Toledo pela pronta colaboração no fornecimento de cópias do inventário.

 

 

 


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